A segunda metade do século XVIII foi um período importante na história do Vinho do Porto e assistiu ao início de uma série de práticas que transformariam o vinho do Porto no grande vinho fortificado que hoje conhecemos.
A liderar estas práticas esteve a fortificação. No início, como vimos, por vezes adicionava-se aguardente aos vinhos no momento do embarque para fortalecê-los contra os rigores da viagem marítima. No entanto, a prática de adição de aguardente ao vinho antes que este tivesse acabado de fermentar, e que é hoje uma parte inseparável do processo de produção do vinho do Porto, raramente era seguida no início do século XVIII. À medida que o século avançava, tornou-se mais comum, em particular quando se constatou que os vinhos mais doces fortes e aromáticos que resultavam da fortificação eram mais do agrado do mercado.
Porém, nem todos os comerciantes incentivaram a prática e não foi até o século XIX que este método de fortificação passou a ser amplamente adotado. No entanto, ganhou aceitação gradualmente. A prosperidade dos últimos anos do século XVIII libertou o capital necessário para que comércio acumulasse stocks de vinho e começasse a guardá-los por mais tempo.
O potencial superior de envelhecimento dos vinhos do Porto que tinham sido fortificados tornou-se aparente. Diz-se por vezes que o ponto de viragem foi a colheita excecional de 1820 que produziu vinhos do Porto tão magníficos que os vinhos produzidos em anos seguintes não podiam aproximar-se da sua riqueza e intensidade, a menos que fossem fortificados. Em qualquer caso, por volta de 1840 a fortificação era já muito comum e em 1850 era provavelmente universal.
Um dos mais ferozes opositores da fortificação foi o famoso Barão Forrester, uma figura lendária na história do vinho do Porto e autor do primeiro mapa detalhado da região do Douro. Ele fez campanha contra a fortificação até à sua morte em 1862, quando o seu barco virou no perigoso Cachão da Valeira. Sabe-se que Forrester tinha ido almoçar mais acima, à Quinta de Vargellas, a agora famosa propriedade pertencente à Taylor’s, com Dona Antónia Ferreira, fundadora da casa Ferreirinha, e a Baronesa Fladgate, esposa de John Fladgate, Barão da Roêda.
Após o almoço, enquanto Forrester descia o rio através do desfiladeiro na companhia das duas senhoras, o seu barco bateu numa pedra, atirando passageiros e tripulantes para a água veloz dos rápidos. As senhoras sobreviveram, pois as suas saias de crinolina cheias de ar fê-las boiar até à margem, mas Forrester, possivelmente, agrilhoado pelas moedas de ouro que estavam no seu cinto, nunca foi encontrado. Forrester foi um homem de grande determinação e, se tivesse sobrevivido para convencer os seus colegas do erro das suas opções, o vinho do Porto provavelmente não seria o icónico vinho fortificado que hoje conhecemos.
Até há relativamente pouco tempo, o comércio do vinho do Porto estava dependente do rio para transportar os vinhos da região do Douro para as caves dos exportadores localizadas no litoral.
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